Cusco e Machu Picchu – Peru

Ir a Cusco e a Machu Picchu foi a realização de um sonho. Já havia pesquisado bastante sobre a região por meio de reportagens e livros. Sou admiradora da cultura inca.
Estávamos em Lima e tínhamos somente um final de semana para visitar Machu Picchu e Cusco. Apesar de estar me recuperando de uma cirurgia, não pensei duas vezes em ir até lá. Acabamos por fazer o passeio completo. Valeu a pena.
Chegamos a Cusco por volta das 16:00 de uma sexta-feira. Apesar dos alertas sobre os potenciais problemas gerados pela altitude, não os sentimos. Cusco fica a 3.400 metros acima do nível do mar.
Nos hospedamos no hotel Torre Dourada. O hotel está distante do centro, mas isso não foi problema. Eles oferecem transporte gratuito o tempo todo para e de qualquer lugar  da cidade – uma simples ligação e o motorista estava lá com um sorriso largo para nos transportar. As instalações são simples, mas aconchegantes. Excelente hospitalidade, fazem de tudo para nos agradar.
Após um pequeno city tour saímos para jantar. Tivemos dificuldade em escolher o restaurante. Há muitas boas opções. Há restaurantes de alta gastronomia e de comida típica. Nesse primeiro jantar optamos pelo Restaurante  Limo, que trabalha a culinária local com toque de alta gastronomia. O cardápio é de comida peruana e oriental. O restaurante fica no segundo piso de uma casa colonial e tem uma varanda para a Plaza das Armas, onde conseguimos uma mesa. Ficamos admirando os passantes e uma leve chuva que caia sobre as luzes amarelas da praça.  Só a vista noturna da Plaza de Armas já seria motivo suficiente para estar ali. Do cardápio gostamos das entradas, bem criativas e saborosas. Destaque para as causas (prato típico à base de batatas) e o espetinho de alpaca. Quanto aos pratos principais gostamos da quinoa negra com lombo de proco grelhado.
No dia seguinte fizemos um passeio pelo Vale Sagrado, onde conhecemos Pisak, Ollantaytambo e Chinchero. Ao fundo do vale se vê o rio Urubamba, que corre majestosamente. Nas suas margens férteis os incas faziam sua agricultura. Utilizamos os serviços da empresa Tours Around Peru.
Em Pisak visitamos o povoado colonial e o complexo arqueológico. O complexo fica no alto de uma montanha e possui uma deliciosa harmonia entre a natureza e a arquitetura inca. Por toda a montanha se vê grupos de ruínas da estrutura arquitetônica das casas ou plantações. Já o povoado fica à beira do rio Vilcanota. Sua praça principal tem um colorido especial e vários artigos artesanais à venda. Ali tivemos uma aula sobre como se fazem as jóias de prata e pedra. Foram apresentadas as pedras brutas e o processo de lapidação manual
Ollantaytambo é um povoado inca onde as principais construções do sítio arqueológico estão situadas no alto da colina que margeia o povoado. Ali se encontram o Templo do Sol, o Mañaracay, o Salão Real e os Banhos das Princesas. No topo foi construída uma fortaleza para proteger o vale das possíveis invasões da época.
Chichero é um povoado que fica a 3.762 metros sobre o nível do mar. Dizem que é conhecido pelos incas como o lugar onde nasce o arco-íris. Fomos a uma tenda onde as índias descendentes dos incas demonstram como é tingida a lã que faz os tecidos coloridos dos ponchos e mantas.  A tinta usada é toda natural. Folhas, flores e até insetos são usados. Vimos também como é feita a tecelagem manual e os significados dos desenhos. A índia que nos atendeu era super simpática e alegre. Quando percebeu que éramos brasileiros começou a cantar uma música brasileira. Para minha decepção começou a cantar “Ai Se Eu Te Pego”, do Michel Teló. Doeu. Fazer o que né?!
No domingo fomos a Machu Picchu. Normalmente a viagem é feita quase toda de trem, mas na época das chuvas a empresa de trens leva os turistas de ônibus até Urubamba, e de lá se prossegue de trem. Foi o que fizemos.
Há também a opção de se chegar a Machu Picchu pela trilha inca, a partir do Km 81 da ferrovia. De lá são quatro dias de caminhada íngreme. É necessário bom preparo físico, mas imagino que o percurso deve ser maravilhoso.
Da forma como fizemos é muito tranquilo. Diria que é tão simples que se poderia ir até “de salto alto”, sem sofrimento.
O caminho percorrido pelo trem é feito ao lado do rio Urubamba, com vista dos topos das montanhas pelo teto dos vagões, que são de vidros transparentes. Leva mais ou menos de três a quatro horas até a cidade de Águas Calientes, que fica colada ao pé da montanha, às margens do rio Urubamba. Essa cidade é o ponto de partida dos ônibus que sobem a montanha até a cidade de Machu Picchu, bem como ponto de apoio dos mochileiros que fazem a trilha inca.
O caminho de Águas Calientes até Machu Picchu é bem sinuoso, e a cada curva tem-se a vista do rio Urubamba correndo logo abaixo. Os ônibus param no topo da montanha vizinha àquela onde está localizada Machu Picchu.
A primeira vista que tive de Machu Picchu foi de tirar o fôlego. Foi um momento mágico. Os incas, apesar das dificuldades para se construir àquela altitude, escolheram um lugar maravilhoso para edificar  a cidade pré-colombiana considerada símbolo do seu império. A cidade é totalmente protegida pela altitude e pelo Rio Urubamba. Passeamos pela ruas da cidade e a todo momento refletíamos sobre a magnitude do lugar e da sua arquitetura. Além das ruínas dos templos, das casas e da praça, no entorno estão as ruínas dos patamares construídos para plantação – a área rural. A forma como construíram a cidade e os patamares para a agricultura demonstram a elevada inteligência dos incas, inclusive na área arquitetônica.
Como a cidade foi construída numa montanha central cercada por diversas outras mais altas e com vista de todos os lados para o vale, o sol e o céu parecem estar muito perto. Senti-me  pequenina e ao mesmo tempo poderosa. O lugar é maravilhoso. Deus existe!

Enfim, foi uma viagem de poucos dias que ficará na memória para sempre. Voltaremos ao Peru para conhecer outros lugares e, quem sabe, revisitar Cusco e Machu Picchu.

Março/2013.

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AMOR GASTRONÔMICO: RANGO OU CHIQUE. Cozinhar para mim é sinônimo de prazer. Sempre que posso estou na cozinha. Por isso, decidi criar este blog, e a partir de agora terei a oportunidade de compartilhar com vocês minhas experiências – positivas ou não – na arte da gastronomia. E também disponibilizar relatos de viagens e receitas testadas e aprovadas. Sejam bem vindos, Ivone Santiago.

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