Castelos do Deserto, Mar Morto e Monte Nebo-Jordânia

Continuação de nossa viagem pelo Egito, Jordânia e Israel com nossos amigos, Tânia, Luciano, Edmar e Sonja.

Depois do Cairo, de um cruzeiro pelo Rio Nilo , de um dia em Amã e arredores, seguimos para o interior da Jordânia para conhecer os castelos do deserto e chegar ao Mar Morto.  Como disse nos posts anteriores, contratamos um tour privado com a empresa  Egypt World Tours para toda a viagem. Na Jordânia tivemos a assessoria do Hamed.

A Jordânia é um pequeno país do Oriente Médio conhecido pelos monumentos antigos, sítio arqueológico de Petra e os resorts que ficam às margens do Mar Morto. A sua capital é Amã, uma cidade que mistura modernidade com antiguidade. O país tem uma população de aproximadamente dez milhões de habitantes, sendo que quatro milhões estão em Amã, centro econômico e cultural do país.  Faz fronteira com a Arábia Saudita, Iraque, Síria e Palestina. Por ser um país pequeno, por várias vezes estivemos muito próximo das fronteiras com outros países em nossa viagem pelo interior.

Nesse dia visitamos três castelos que estão espalhados pelas planícies desérticas da Jordânia, Qasr al-Azraq, Qusair Amra e Qsar al-Kharana. Depois seguimos em direção ao Mar Morto.

Os castelos do deserto foram construídos entre os séculos VII/VIII e mostram a arte e a arquitetura do início do Islã. Estão situados em uma planície desértica que vai de Amã até a Arábia Saudita.

O Qasr al-Azraq está localizado a 110 km de Amã e próximo ao oásis de Azraq, uma rara fonte permanente de água doce na Jordânia – o que fez com que muitas civilizações ocupassem o castelo no passado. Em razão de ter sido construído com basalto, possui uma cor escura, que o diferencia dos demais castelos que visitamos. Dizem que foi construído na época das cruzadas e utilizado pelos romanos, impérios bizantinos, omíadas, mamelucos, otomanos e até Lawrence da Arábia.  Na revolta árabe ele foi usado como fortaleza e frequentado pelos militares.

A porta principal é uma atração à parte, cada lado da porta pesa uma tonelada. Funciona normalmente até os dias de hoje.

Qasr al-Azraq

O Qsar Amra foi construído no início do século VIII pelo califa omíada Ualide I. O califado omíada foi o segundo dos quatro principais califados estabelecidos após a morte de Maomé. Esse castelo era um retiro de lazer para a família do califa. Foi redescoberto em 1.898 e declarado patrimônio mundial da Unesco em 1.985.  Nas paredes veem-se vários afrescos com imagens de mulheres nuas, de caça e frutas. Está em péssimo estado de conservação, uma pena. Dos que visitamos nesse dia, achei o mais bonito e interessante. Foi possível identificar a utilização dos cômodos e imaginar como era usado à época. É um solitário prédio no meio do nada.

Qusair Amra

O Qsar al-Kharana foi construído no século VII e até hoje não se sabe qual exatamente era a sua finalidade. Pode ter sido usado como hospedagem dos comerciantes e descanso dos animais.  É um dos mais visitados pela localização, fica próximo a Amã (80 Km) e próximo a uma grande rodovia. Também uma solitária construção no meio do nada.

Qsar al-Kharana

No final da tarde chegamos ao hotel Mövenpick Resort & Spa Dead Sea  onde ficamos por duas noites. O hotel está localizado às margens do Mar Morto, em Sweimeh, costa norte do Mar Morto. A cidade mais próxima é Madaba e está a 45 km do hotel. O hotel está situado a quatrocentos e vinte metros abaixo do nível do mar. Nessa região estão os mais importantes e luxuosos resorts.

No outro dia conhecemos o Mar Morto e o local onde Jesus foi batizado, no Rio Jordão.

O Mar Morto banha Israel, Cisjordânia e a Jordânia. É o lago mais salgado do mundo e está a quatrocentos metros abaixo do nível do mar, o ponto mais baixo da terra. Possui uma área de seiscentos quilômetros quadrados, cinquenta quilômetros de comprimento e até quinze quilômetros de largura.

Muito conhecido por poder flutuar em suas águas. A flutuação se dá em razão da alta concentração de sal. Nos outros mares a média é de três gramas por cem mililitros de água e no Mar Morto é de trinta a trinta e cinco gramas por cem mililitros, ou seja, dez vezes mais. A nossa primeira tentativa de flutuar foi frustrada pelo fato de o mar estar bravo e o clima muito frio. Fizemos máscaras faciais com a famosa lama e seguimos o nosso dia. Na segunda tentativa somente os guerreiros Silas e Luciano tiveram coragem de encarar a água fria.  Dizem que a melhor época para visitar é na primavera (abril/maio) e outono (outubro/novembro), pois não está muito quente e nem tão frio.  À exceção do fato da água estar fria, gostamos do clima de janeiro para a viagem.

O Mar Morto inicia assim que termina o Rio Jordão, que é sua principal fonte de água. Caso um peixe do rio chegasse direto no mar morreria imediatamente ao entrar em contato com a água salgada. Isso não acontece em razão da água ser salinizada gradativamente rio acima. Em razão do nível de sal, não existe vida em suas águas, daí no nome de Mar Morto. Por vários séculos foi conhecido por outros nomes, como mostra a bíblia em vários lugares do antigo testamento.

As propriedades da água e da lama são conhecidas pelos benefícios para a pele. Além de aplicarmos em nossas peles a lama colhida no local,  compramos mais para nosso uso pessoal e para dar de presente.

Ver, estar e sentir o Mar Morto, foi uma experiência singular.

Flutuando no Mar Morto – foto by Luciano

Almoçamos num dos restaurantes do hotel e em seguida saímos para conhecer o lugar onde Jesus foi batizado por João Batista, no rio Jordão.  O local fica a vinte e dois quilômetros do hotel onde estávamos hospedados. Este passeio não estava incluído no nosso pacote – esse dia seria livre para curtirmos o hotel e o mar. Utilizamos o Uber como meio de transporte e fomos acompanhados pelo guia do local.

O rio Jordão é o principal rio da Jordânia e Israel. Nasce na Síria, no monte Hermon, e deságua no Mar Morto. Tem uma extensão de 200 km e faz fronteira natural entre Jordânia e Israel. É a principal fonte de água doce para os dois países tanto para o consumo humano como para a agricultura.

Historicamente o rio Jordão é citado na bíblia em diversos lugares. Além do batismo de Jesus (Mateus cap. 3, vs 13), a passagem do Jordão a seco (Josué cap. 3, vs 17), a cura da lepra de Naamã ao mergulhar no rio (II Reis cap. 5, vs 14), de quando Eliseu faz flutuar um machado de ferro (II Reis cap. 6, vs 6), entre outros. Muito agradecida a Deus por poder contemplar lugares tão importantes da vida de Jesus, seus apóstolos e seus discípulos.

O local onde Jesus foi batizado (The Baptismal Site of Jesus Christ) é Patrimônio Mundial da Unesco. Próximo ao local está a Igreja Ortodoxa de São João, construída no XV, e uma capela franciscana de 1933. Foi emocionante percorrer as margens do rio, ver o local onde Jesus foi batizado por João, olhar para o outro lado do rio e ver a Palestina/Israel na região de Jericó.

Após o término do passeio percebemos que não havia sinal de celular ou internet para chamarmos o transporte para voltar ao hotel. Como não havia outra forma de voltarmos, além de caminhar, abordamos outros turistas pedindo carona.  Ficamos impressionados com a gentileza das pessoas, conseguimos carona em dois carros – uma família jovem com uma criança da Arábia Saudita e um casal jovem da Coréia do Sul. Uma experiência diferente – um misto de insegurança por pegar carona com desconhecidos, que afastou o medo de ter que andar quilômetros até conseguir um ponto com internet para chamar o aplicativo.

Rio Jordão e a Igreja Ortodoxa de São João ao fundo

Local onde Jesus foi batizado – Rio Jordão

Local onde hoje as pessoas podem ser batizadas – Rio Jordão

No outro dia deixamos o Mar Morto e seguimos para o Monte Nebo, Madaba e Wadi Al Mujib até chegarmos em Petra.

Rodamos trinta quilômetros até o Monte Nebo, onde Moisés avistou a terra santa e também onde morreu (Deuteronômio 34). Do monte é possível ter uma vista de 360 graus. Ao longe está a Palestina – hoje território de Israel, e um pouco mais ao longe a cidade de Jericó. No topo do monte há uma igreja construída no século IV em memória à morte de Moisés e um mosteiro primitivo descoberto em 1933. Além dessa passagem, esse monte é citado em diversos outros  lugares da bíblia.

A paisagem em volta e abaixo do Monte Nebo é deslumbrante. As cores da vegetação estavam com um tom caqui (bege) sonhador.

Vista a partir do Monte Nebo

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Ruínas e mosaicos da igreja no topo do Monte Nebo – Século IV

Madaba está em um local onde, na bíblia, ficava a cidade de Medba ou Medeba. Fica a trinta e cinco quilômetros de Amã, capital da Jordânia. De onde estávamos, hotel Movenpick, no Mar Morto, fica a quarenta e cinco quilômetros. É conhecida por ser uma cidade com bastante diversidade étnica e religiosa da Jordânia. Apesar da população em sua maioria ser de árabes muçulmanos, tem uma das maiores comunidades cristã ortodoxa da Jordânia – um terço da população de cerca de oitenta e quatro mil habitantes. O turismo de destaque da cidade são os mosaicos bizantinos e omíadas.  Madaba é conhecida como a cidade dos mosaicos.

Passamos pela cidade para chegarmos até a Igreja Grego Ortodoxa de São Jorge, construída em 1896 d.C. sobre os restos de uma igreja bizantina, onde está o famoso mosaico bizantino chamado Mapa Mosaico de Madaba. O mosaico mostra o mapa de Jerusalém e da terra santa no século VI. O mapa fica no piso em frente ao púlpito da igreja e está bem preservado.

O mapa mostra o lugar de batismo de João, no rio Jordão, os importantes lugares da antiga Jerusalém e outros. Foi muito interessante rever a história contada por um mapa feito com pequenas pedras em forma de um grande mosaico e com tantos detalhes lindos e importantes. A parte do mosaico disposto no piso da igreja representa apenas um quarto do tamanho original. Dizem que o original tinha mais de dois milhões de peças e que é o mosaico mais famoso do mundo.

Ainda em Madaba, visitamos  o Handcraft Center and Mosaic Workshop, um local onde fabricam e vendem mosaicos. Essa fábrica é administrada pela Rainha Rania, que advoga pela causa das mulheres jordanianas, oferecendo trabalho e bons salários às artesãs. Os trabalhos são lindos e têm muitas variedades – vai de colares a móveis. Fazem entregas para o endereço do comprador. Os preços não são atrativos.

Mapa Mosaico de Madaba

Mulheres produzindo mosaicos na Handcraft Center and Mosaic Workshop

Não conhecemos o Wadi Al Mujib, a garganta da Jordânia, mas rodamos pela estrada de  Madaba a Al Kerak, que passa por seus vales e paisagens deslumbrantes.

Wadi Al Mujib

Wadi Al Mujib

O Castelo de Kerak, construído na década de 1140, está localizado na cidade de Al Karak. É uma antiga fortaleza dos Cruzados que serviu como moradia dos soberanos da Transjordânia. Andando pelo interior do castelo sentimo-nos em um escuro labirinto de salas de pedras e longas passagens.

Interior do Castelo de Kerak

Castelo de Kerak

Tentando imitar os jordanianos.

Continuamos a caminho de Petra.

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