Cruzeiro no Rio Nilo (Luxor, Edfu e Aswan)

Esse passeio é a segunda parte da nossa viagem pelo Egito, Jordânia e Israel em janeiro de 2020, com os nossos amigos Sonja, Edmar, Tânia e Luciano.

Chegamos em Luxor vindo do Cairo  pela Egypt Air às 8:15 h da manhã, um voo de uma hora.  O translado do aeroporto para o barco foi feito pela Egypt World Tours, que contratamos para toda a viagem. Os guias falam português, são simpáticos e com bastante conhecimento de história. O Ibraim, dono da empresa, nos deu suporte durante toda a nossa viagem pelo Egito, Jordânia e Israel. Todos os passeios, guias, hotéis e ingressos foram contratados pela Egypt Word Tours.  Tivemos participação ativa na montagem do roteiro, podendo escolher o que visitar, os hotéis, ou seja, fizemos um tour particular e personalizado.

Escolhemos a empresa May Fair Cruises para o cruzeiro de quatro dias navegando à noite e fazendo visitas aos monumentos das cidades históricas que margeiam o rio Nilo durante o dia, tais como: Luxor, Edfu e Aswan.  Todas as refeições foram feitas no barco (Buffet).  Ficamos satisfeitos com a empresa May Fair Cruises. As acomodações, as refeições e o atendimento foram bons.

Em Luxor visitamos o Templo de Karnak e o Templo de Luxor.

Após recepção, acomodação e almoço no barco, saímos de carro para visitar o Templo de Karnak. Um complexo com diversos templos de vários impérios, dedicado ao deus Amon-Rá. A sua construção teve início no século 2200 a.C. e o término depois de 360 a.C.  Esteve submerso na areia por mais de mil anos. A escavação teve início em meados do século dezoito.  A restauração e conservação do templo são permanentes.

O templo está dividido em três recintos:  Amon-Rá,  Mut e Montu. É um templo de arquitetura exclusiva da civilização antiga do Egito e impressiona pela sua história, grandeza e beleza.  As 134 gigantescas colunas maciças com inscrições em hieróglifos que compõem o Grande Salão Hipostilo, no recinto de Amon é de tirar o fôlego, fazer voltar no tempo e se perder nos pensamentos imaginando as pessoas da época circulando por ali. Foi mágico! Todo o complexo é magnífico e vale caminhar sem pressa e com informações de um bom guia por toda a sua estrutura: cada passo que se dá tem história. Por falar em passos, sapatos confortáveis, água e protetor solar são itens obrigatórios.

Colunas do Templo de Karnak

 

Em seguida seguimos para o Templo de Luxor, construído entre 1400 e 1000 a.C. O templo ficou coberto pelas areias do deserto até 1881, quando foi redescoberto em bom estado de conservação pelo arqueólogo Gaston Maspero. Como o Templo de Karnak, também foi dedicado ao deus Amon. O Templo de Karnak e o Templo de Luxor eram conectados pela Avenida das Esfinges, que tinham seiscentas esfinges ao longo da extensão de três quilômetros que separavam os templos. Hoje se pode ver o início da avenida com algumas esfinges nas portas dos templos.

Visitamos o templo no final da tarde e início da noite para vê-lo iluminado. A seguir retornamos ao barco para e jantamos a bordo.

Templo de Luxor

Mesquita – Templo de Luxor

No dia seguinte logo após o café, saímos para conhecer o Vale dos Reis, necrópoles dos reis das dinastias dos séculos XVIII, XIX e XX, onde estão as tumbas de faraós e poderosos da dinastia  como Tutancâmon, Ramsés II, Ramsés III e  Seti I. O vale se localiza na margem oeste do rio Nilo, oposto a Luxor, no centro da Necrópole de Tebas.

O Vale dos Reis é uma enorme necrópole (cemitério) com mais de sessenta tumbas escavadas nas montanhas de calcário denso ou rochas. Os faraós acreditavam na vida pós morte. Em razão dessa crença, em vida eles construíam as suas valiosas tumbas escrevendo nas suas paredes toda a sua história, bem como guardavam os seus tesouros em várias câmeras adicionais. Normalmente, uma tumba possui a câmera principal, onde fica a múmia do faraó, e outras adjacentes para comportar todos os seus tesouros. A visita ao vale permite a entrada em algumas tumbas que são espetaculares. O vale em si já é muito impressionante: desértico, árido, solo claro, com o sol escaldante sempre presente, algumas tumbas exploradas e outras muitas tumbas encravadas nas montanhas à espera de serem encontradas (será?). Uma experiência pra lá de interessante.

O Vale das Rainhas é onde estão localizadas as tumbas das princesas e esposas dos faraós, as rainhas. Ali está a tumba da esposa preferida do faraó Ramsés II, rainha Nefertari.

Visitamos o Templo de Hatshepsut, única mulher que reinou no Egito. Para que pudesse ser aceita e conseguir governar ela se vestia como homem. O seu reinado durou vinte e dois anos e dizem que foi uma era de relativa paz e prosperidade econômica. O templo é escavado na montanha com a parte da frente em forma de terraço.

Na saída desse templo eu e a minha amiga Sonja compramos uma linda réplica do busto da Nefertari, que depois deu o que falar. Pela delicadeza da peça colocamos na maleta de mão e, ao passar no controle de bagagem na saída do Egito para a Jordânia, interceptaram-me para explicações sobre o tal busto. Pensaram que poderia ser uma peça autêntica e aí a coisa complicou.  Depois de muitas perguntas, de a peça ser analisada por um arqueólogo e por mais de uma hora, fui liberada junto com, a partir dali,”o mais valioso busto de Nefertari”.

Vale dos Reis

Paredes da tumba de Ramsés II.

Templo de Hatshepsut

Depois de visitar o Templo de Hatshepsut fomos ao Colossoss de Mêmnom. São duas estátuas enormes, cada uma com 18 metros e 1300 toneladas, do faraó Amenófis III sentado no trono com as mãos no joelho que guardavam o templo funerário do faraó na antiguidade. Diz a história que era um dos maiores templos da época, trezentos e oitenta e cinco mil metros. O templo foi destruído pelas enchentes do Rio Nilo, sobrando as estátuas.

Retornamos ao barco e navegamos até Edfu.

Colossos de Mêmnom

No segundo dia do cruzeiro, logo de manhã, deixamos o barco e fomos conhecer o Templo de Edfu. O transporte do barco até o templo é efetuado exclusivamente de charrete. É uma experiência singular, muitas charretes de todas as cores concorrendo com os carros e pedestres, gerando um caos maluco com o vai e vem e os sons dos carros, dos cavalos e do charreteiros.

O Templo de Edfu foi dedicado ao Deus Horus, sendo um dos maiores e um dos mais bem conservados do Egito. Horus era o Deus protetor dos faraós e das famílias, bem como o senhor dos ventos. Nas paredes do templo estão desenhadas cenas cotidianas dos faraós e inscrições/hieróglifos sobre a escrita, a mitologia, receitas de perfumes, a religião e a forma de vida do Egito Antigo. Na entrada está a estátua do falcão Horus.

O templo ficou enterrado na areia do deserto durante muitos anos. Acima dele foram construídas casas que o protegeram até começar os trabalhos dos arqueólogos para desenterrá-lo, em 1860.

Transporte de charrete até o Templo de Edfu

Templo de Edfu

Nesse mesmo dia conhecemos o Templo de Kom Ombo, construído no antigo Egito há mais de dois mil anos. É o único templo dedicado a dois deuses – Sobek, Deus crocodilo e Hórus, Deus falcão.  Segundo a mitologia, os dois se completavam. Como a maioria dos templos do Egito Antigo, esse também sofreu com as inundações do rio Nilo, terremotos e retirada de pedras e objetos para execução de outros projetos.

Kom Ombo é o nome da cidade onde fica o Templo de Kom Ombo, que fica a quarenta quilômetros de Assuã. Tem mais ou menos sessenta mil habitantes, sendo que muitos são núbios – povos de origem africana.

À noite navegamos em direção a Assuã.

Templo de Kom Ombo

Terceiro dia: saímos de van às 5:00 h para visitar os templos de Abu Simbel que ficam a 282 km de Assuã.  Está localizado no sul do Egito e perto da fronteira como o norte do Sudão. A viagem foi tranquila. Além do deserto, não há  muito o que ver  durante o percurso. A viagem de avião teria a duração de meia hora entre Assuã e Abu Simbel. No entanto, se considerarmos o tempo de ir até o aeroporto, o controle de segurança, a espera e o trajeto, não seria diferente de ir de carro. Além de que cruzar uma parte do deserto não deixa de ser interessante. Ficamos duas horas no local, que tem boa estrutura: WCs, lanchonetes e, claro, as “lujinhas”.

Abul Simbel é composto por dois templos escavados na rocha, e fica na região da Núbia. Esses templos ficaram soterrados na areia por séculos, quando foram descobertos em 1813. Em razão da construção da barragem de Assuã, que originou o lago Nasser, em 1964 e 1968 os templos foram realocados para onde estão hoje. É inacreditável imaginar como conseguiram transportar as enormes estruturas e as esculturas gigantescas.  A remoção foi feita em blocos, transferindo os monumentos para uma montanha artificial, sessenta e cinco metros acima da posição original, e cerca de 200 metros da margem do Nasser.

Foram construídos por ordem do faraó Ramsés II em sua homenagem e à de Nefertari, a sua esposa.  São dois edifícios, sendo que o Templo de Ramsés II é o maior e mais impactante. Na sua fachada há quatro estátuas de vinte metros de altura, entalhadas diretamente na rocha. O interior tem um corredor grande com uma janela ao fundo, no percurso várias salas decoradas com desenhos nas colunas/paredes e diversas estátuas.

Próximo está o Templo de Nefertari, a esposa preferida do faraó. Menor, mas igulamente belo, a fachada desse templo conta com seis estátuas enormes também talhadas na rocha.

A grandiosidade e a beleza do complexo são espetaculares. Valeu e muito a longa viagem.

Abul Simbel – Templo do faraó Ramsés II

Chegamos em Assuã no meio da tarde e fomos conhecer  uma aldeia de núbios, um grupo étnico antigo que vivia ao longo do rio Nilo, do sul do Egito e no norte do Sudão. Com a construção da barragem de Assuã, muitas aldeias núbias ficaram submersas sob as águas do lago Nasser. Hoje as famílias núbias estão concentradas na região de Assuã. Eles vivem praticamente do turismo, fabricando e vendendo produtos núbios tradicionais e fazendo apresentações culturais. Eles possuem um dialeto próprio que é só falado.  Tivemos simulação de aula com um núbio para entender um pouco o som da língua, que rendeu boas risadas. Estivemos na casa de um morador que nos contou um pouco da história do seu povo e de como vivem. As famílias moram na mesma casa, avós, pais, filhos e netos.  

Produtos vendidos pelos Núbios

Tentando aprender a língua falada pelos núbios

Antes de sair de viagem fiz uma relação das comidas típicas do Egito que gostaria de experimentar. No penúltimo dia faltavam dois pratos da relação que não tinha tido a oportunidade de comer: o fatta, que é servido em eventos festivos e o molikheya, um caldo de juta nalta ou juta tossa – um vegetal da região. O Ibraim, o nosso guia, havia nos dito que no barco haveria um jantar de comidas típicas e que provavelmente  esses pratos seriam servidos. Aconteceu o jantar e os pratos não estavam lá. Como era o penúltimo dia no Egito, pensei: fica para a próxima.  Para a nossa surpresa o Ibraim nos convidou para jantarmos na sua casa e disse que a sua esposa faria o fatta e o molikhyea. Para mim foi um jantar dos Deuses. Todos os pratos cuidadosamente executados, deliciosos e servidos da forma tradicional – em cima de um tapete e todos sentados em volta, comendo com as mãos. Além da fatta e o molikhyea, serviram pães, cordeiro, pombo recheado e outros. O jantar foi uma experiência fantástica, e nos permitiu conhecer os costumes efípicios e a família do Ibraim.

Jantar típico

Chefs do restaurante do navio

Quarto dia: de manhã visitamos a barragem Alta de Assuã e o Templo de Philae. A barragem foi construída para gerar energia e controlar as inundações. Gera a maior parte da energia que o Egito consome. A construção da barragem deu origem ao lago Nasser, o maior lago construído do mundo.  Tem 6 mil quilômetros quadrados de água. A área inundada pelo lago fez com que muitos monumentos fossem deslocados.

O Templo de Philae foi dedicado à deusa Ísis, deusa do amor. Está localizado numa pequena ilha chamada Agilkia, distante sete quilômetros de Assuã. Antes da construção da barragem de Assuã o templo estava localizado numa ilha chamada Philae. Após a construção da barragem, os templos sofreram muitas avarias com o alagamento, mas continuou de pé. Nos anos de 1970 a Unesco desconstruiu o templo e reconstruiu na ilha vizinha, Agilkia. A reconstrução preservou a aparência original, o leiaute e o paisagismo.Segundo a lenda, o rei Osíris foi assassinado pelo seu irmão que o esquartejou e espalhou partes do seu corpo por todo o país. Ísis, esposa de Osíris,  localizou as partes e se refugiou na ilha de Philae para reconstruí-lo.O espaço ainda conta com santuários dedicados à deusa Hator, que possui um culto semelhante ao de Ísis, e um templo para Trajano, antigo imperador do Egito.

É um belo complexo de templos. Um passeio obrigatório para quem faz o cruzeiro pelo rio Nilo.

Rio Nilo após o vertedouro da barragem Alta de Assuã

Templo de Philae

Voltamos para almoçar no barco. Depois fomos para aeroporto de Assuã e dali voamos para Amam, com conexão no Cairo.

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